Agricultura | SF Agro | 06/11/2017 10h02

Plantio da soja: 7 dicas para a regulagem correta da plantadeira

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Plantabilidade da soja é um assunto muito importante. Quando o produtor investe no correto plantio da soja, o resultado é gratificante: uma lavoura bem estabelecida, com espaçamento uniforme entre as plantas, evitando falhas e duplas. A soja se desenvolve com altura e maturação uniforme e com quantidade grãos por planta no mesmo patamar. Lá adiante, essa conjuntura se traduz em boa colheita.

 

Por outro lado, descuidos durante o plantio da soja geram problemas que são incorrigíveis ao longo da safra. De acordo com especialistas, erros banais de manutenção do maquinário comprometem a produtividade da soja.

 

"Qualquer operação agrícola depende do equipamento, das condições do ambiente e das habilidades de quem está operando a máquina”, diz Leandro Gimenez, professor doutor do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Especialistas alertam sobre os detalhes que influenciam na plantabilidade da oleaginosa.

 

Cuidados com a plantadeira


Para evitar as falhas e duplos durante o plantio da soja, a plantadeira deve estar bem regulada e lubrificada. Há vários tipos de plantadeira disponíveis no mercado brasileiro, com diferentes sistemas e capacidades operacionais. As máquinas mais robustas chegam a semear 48 linhas de soja, com espaçamento de 45 centímetros.

 

Cabe ao produtor conhecer a fundo o seu maquinário para conseguir extrair dele o melhor resultado. “É preciso conciliar a variedade de soja que está trabalhando com a recomendação de população por hectare, sistema de fertilização adequada e a qualidade de colocação da semente no solo. Quanto melhor for a distribuição das plantas, melhor o potencial produtivo”, diz Rogério Miyasawa, especialista de produto para plantio da New Holland. Confira quais são as principais recomendações para a regulagem e a manutenção correta da plantadeira.

 

1 – Planejamento do plantio da soja


A percepção dos especialistas ouvidos pela reportagem é de que a maioria dos produtores não está planejando o plantio da soja com esmero. “O produtor erra na regulagem da plantadeira de forma geral. O pessoal pega a máquina do jeito que está no galpão e coloca na lavoura, isso é terrível”, diz Giancarlo Rocco, supervisor de marketing de produto/plantio e preparo de solo da AGCO. Rogério Miyasawa, da New Holland, concorda que o plantio pode melhorar. “Não adianta ter uma máquina cheia de tecnológica se você não cuida bem”, afirma.

 

De acordo com Leandro Gimenez, professor da Esalq/USP, é preciso se preparar para o plantio da soja com antecedência. “A manutenção da máquina no período de entressafra tem que ser rigorosa, o produtor pode melhorar nisso”, afirma o professor da Esalq. “Às vezes o produtor precisa fazer troca de mecanismos dosadores, que são fundamentais para a máquina, além de cuidados com a transmissão.”

 

A recomendação é que, pelo menos duas semanas antes de iniciar o plantio da soja, seja feita uma revisão geral da máquina, limpeza, lubrificação, avaliação da situação dos componentes e troca das peças desgastadas. “Muito produtor deixa para regular a máquina de última hora por falta de planejamento. Ele pode encontrar peças engripadas [duas peças que enferrujaram]”, afirma Rocco, supervisor da AGCO.

 

2 – Limpeza


O produtor cuidadoso lava bem, lubrifica corretamente e no fim da semeadura guarda a máquina coberta com lona, para protegê-la da poeira. Mesmo assim, o processo deve se repetir novamente na safra seguinte. “Por mais que ele tenha feito uma boa manutenção, a graxa seca com o tempo, ela tem vida útil”, diz Rocco.

 

De acordo com os especialistas, uma boa limpeza é essencial porque os fertilizantes são corrosivos e podem desgastar a máquina. Há também outros componentes que exigem cuidado. “O sensor ótico do condutor da semente demanda limpeza para que ele faça a contagem eletrônica de semente de forma correta”, explica Miyasawa.

 

3 – Lubrificação


As plantadeiras chegam a ter 14 pontos de lubrificação por linha de plantio e que podem demandar engraxamento a cada 20 horas. Além disso, um detalhe importante é a escolha do produto. “Há vários tipos de graxa. Se o produtor usar uma graxa de melhor qualidade, ele vai aumentar o intervalo de lubrificação da plantadeira”, diz Tiago Oliveira, especialista da John Deere.

 

O produtor que lubrifica corretamente cada ponto do equipamento consegue evitar a ferrugem, aumenta a vida útil da máquina agrícola e garante que ela tenha um bom desempenho no campo. Por outro lado, a falta de graxa significa prejuízo. “Um disco de corte sem a lubrificação adequada vai exigir mais força para tração e consequentemente vai afetar o consumo de combustível. A recomendação é que os discos devem girar suave e livremente. É muito óbvio”, afirma o supervisor da AGCO, Giancarlo Rocco.

 

Como os produtores pecam muito nesse quesito, a indústria está buscando facilitar a manutenção com o lançamento de máquinas mais modernas. Isso se traduz em menos graxa e menos tempo com a máquina parada. De acordo com o especialista Rogério Miyasawa, um exemplo é a plantadeira PL6000, lançada pela New Holland no início de 2017. “Eliminamos os pontos de lubrificação. Na máquina toda, só tem dois pontos, com lubrificação a cada 50 horas”, conta Miyasawa. “Isso atua diretamente num ponto importante que é o rendimento operacional.”

 

4 – Pneus


Os especialistas também alertam que os pneus devem ser verificados diariamente. “A calibragem dos pneus das plantadeiras é o erro mais comum que eu encontro no campo”, diz Rocco. De acordo com o supervisor da AGCO, boa parte das plantadeiras atualmente utilizam o pneu como forma de acionamento dos mecanismos do dosador de fertilizantes e de sementes. Por isso, pneu murcho ou cheio demais altera a relação de transmissão da plantadeira. “Com isso, você não vai conseguir garantir a dosagem correta de adubo e semente”, explica Rocco.

 

5 – Dosador de sementes


Há vários tipos de dosador de sementes no mercado, sendo que os mais populares nas plantadeiras são o pneumático a vácuo e o dosador mecânico. A diferença entre eles está no mecanismo que movimenta a semente, mas o desempenho, quando bem regulado, é similar. “Os dois tipos plantam muito bem, a qualidade de distribuição é igual”, afirma Rocco.

 

Se a plantadeira tem sistema pneumático, o produtor tem mais liberdade para escolher o insumo, sendo possível optar por sementes não classificadas. Isso ocorre porque o dosador gera vácuo para movimentar a semente em seu interior, independentemente do seu tamanho. Nesse caso, o produtor só deve se preocupar em utilizar um disco indicado para o plantio da soja.

 

O segundo tipo de dosador é o mecânico, que exige cuidado extra. A lógica é simples: esse sistema utiliza um disco perfurado por onde as sementes passam. Se a semente for muito pequena para o disco escolhido, duas sementes podem passar pelo mesmo alvéolo durante o plantio, gerando plantas duplas. Se a semente for grande demais, ela não passa pelo disco ou se quebra, causando falhas nas fileiras de plantio.

 

Por essa razão, todos os especialistas ouvidos pela Farming Brasil deixaram claro que é preciso escolher sementes com boa procedência para o plantio da soja, bem classificadas e certificadas para garantir que o disco escolhido para o dosador mecânico respeitará o tamanho da semente.

 

“Se a semente não for bem classificada, o mecanismo dosador vai ter dificuldade para dosar essa semente, então vão ocorrer falhas”, diz o professor Gimenez. “E sempre que for mudar de cultivar, é importante regular a máquina e checar como a semente está sendo depositada em campo.” Independentemente do tipo de dosador da plantadeira, o produtor também não pode se esquecer de adicionar grafite no sistema para lubrificar os discos.

 

6 – Disco de corte e sulco


Cada tipo de palhada exige regulagens específicas para que o disco de corte da plantadeira funcione com eficiência. “Tem palhas que precisam de menos pressão de corte”, diz Rocco, da AGCO. Somente a semeadora bem regulada consegue abrir o sulco de plantio, fertilizar, depositar a semente em profundidade adequada e fazer o fechamento desse sulco de forma correta.

 

De acordo com o especialista da John Deere, problemas no sulcador podem gerar bolsas de ar no solo, o que prejudica a germinação das sementes. Mas ele conta que o principal erro observado no campo é o excesso de profundidade. “Esse é um erro técnico de regulagem da plantadeira e numa situação de estresse hídrico a planta sofre mais para emergir”, diz Oliveira.

 

7 – O seu trator é bom para o plantio da soja?


O seu trator é adequado para a plantadeira? Em muitos casos, a resposta pode ser “não”, alertam os especialistas. “Um erro recorrente que a gente vê é quando o trator não está dimensionado corretamente para a semeadora. Ele tem potência, mas o sistema hidráulico dele não consegue acionar adequadamente os mecanismos da semeadora”, diz Gimenez.

 

O ideal é buscar o equilíbrio entre os dois equipamentos, preparando o trator para realizar a operação de plantio da soja de forma mais eficiente. De acordo com Rogério Miyasawa, as concessionárias têm realizado um forte trabalho de adequação do trator para cada operação agrícola.

 

Com isso, é possível melhorar a harmonia de tração do rodado dianteiro com o rodado traseiro, gerar economia de combustível e reduzir o desgaste do pneu. “Às vezes, tem que tirar peso do trator para deixá-lo equilibrado e para que ele consiga puxar a plantadeira gastando menos combustível”, afirma o especialista da New Holland. “Se o trator puxa a plantadeira de forma uniforme, você tem um melhor ritmo de colocação da semente no sulco de plantio.”

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