Artigos | Com Norbertino Angeli | 30/12/2016 17h10

Pais modernos estão assassinando a infância dos filhos

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Quem afirma é o Dr. Augusto Jorge Cury, um dos maiores escritores brasileiros.

Augusto Jorge Cury nasceu em 2 de outubro de 1958, é médico, psiquiatra, psicoterapeuta e escritor. Seus livros já venderam mais de 16 milhões de exemplares somente no Brasil, tendo sido publicados em mais de 60 países. É reconhecido pela sua teoria da inteligência multifocal, resultado de 17 anos de dedicação à pesquisa. O autor estudou com profundidade as dinâmicas da emoção, da construção e dos pensamentos. Cury é o autor brasileiro que mais vendeu livros desde o ano 2000.

NUNCA FOI TÃO DIFÍCIL EDUCAR!

Nunca foi tão difícil educar uma geração. Não há um culpado, o sistema é culpado. Todos temos nossa responsabilidade na perda da infância. O que me dói na alma é saber que nossas crianças e jovens serão adultos num ambiente de aquecimento global, insegurança alimentar e competição predatória, e precisarão de notável capacidade de liderança e criatividade para dar respostas inteligentes a essas questões. Entretanto, infelizmente, estamos despreparando-os para esse mundo tumultuado que nós mesmos criamos.

Quando as crianças são atingidas pela SPA, Síndrome do Pensamento Acelerado na primeira infância, até os cinco anos, os pais ficam extasiados, acham que seus filhos são gênios. Não percebem os sintomas. Têm orgulho de contar a todos a esperteza dos filhos, que assimilam as informações rapidamente e têm respostas para tudo.

Para piorar o quadro dos gênios, colocam-nos num mar de atividades (escola, aprendizado de línguas, música, esporte, natação, dança, teatro, entre outros) e, além disso, permitem que acessem as redes sociais indiscriminadamente. Esse processo agita mais a mente deles.

As crianças têm que ter infância, criar, elaborar, estabilizar sua emoção, dar profundidade aos seus sentimentos, colocar-se no lugar do outro, pensar antes de reagir, aquietar a mente, dormir; caso contrário, terão emoção instável, insatisfeita, irritadiça, intolerante a contrariedades e, claro, hiperpensante.

Os anos passam, e, na segunda infância, pré-adolescência e a adolescência, os pais e os professores começam a perceber que algo está errado.

O gênio desapareceu. Os filhos querem cada vez mais para sentir cada vez menos, são insatisfeitos, indisciplinados, têm dificuldade de expressar gratidão, sua autoestima está fragilizada, não aceitam o “não”, são impacientes, querem tudo na hora.

É fundamental que os pais não deem presentes e roupas em excesso aos seus filhos nem os coloquem em múltiplas atividades. É igualmente fundamental que conquistem as emoções deles, conversem, informem sobre a vida transferindo suas experiências, ou seja, que lhes deem o que o dinheiro não pode comprar (tempo e afeto de qualidade).

Os pais precisam ficar atentos, não deixando os filhos o dia inteiro conectados em redes sociais e usando smarphones. A utilização ansiosa desses aparelhos pode causar dependência psicológica, assim como algumas drogas.

Tire o celular, os jogos eletrônicos por um dia e veja como seus filhos reagem. Alguns até se deprimem, tamanha a dependência já instalada.

Além disso, crianças e adultos jamais deveriam usá-los em excesso à noite ou dormir ao lado desses aparelhos, pois sua tela produz um comprimento de onda azul que dificulta a liberação, no metabolismo cerebral, de substâncias que induzem o sono. Muitas crianças sofrem de insônia e ela representa uma perda grave para a memória.

As crianças estão tão aceleradas que, quando ficam cinco minutos sem atividade (tanto em casa quanto na escola), já reclamam: “Não tem nada para fazer nesta casa!” É nessa hora que percebemos o quanto estamos todos viciados em atividades, viciados em informação, em celulares, em asfixiar o tempo e também viciados em pensar.

Reparem bem, crianças e adultos ansiosos, impacientes, inquietos detestam rotina e querem tudo imediatamente, não sabem esperar e são frágeis emocionalmente podendo se tornar crianças inseguras, ciumentas em relação aos pais, irmãos, colegas e professores.

Uma criança com mente hiperacelerada tem tendência a ser impulsiva, a não pensar antes de reagir e a ter baixo nível de paciência com os colegas, comprometendo as relações interpessoais ocasionando brigas, desentendimentos e até violência.

Por: Dr. Augusto Jorge Cury

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