Ciência | Roberto Abib | 25/10/2011 13h08

Neurociência pode contribuir para uma melhor aprendizagem

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A Neurociência a serviço da Educação. Este foi o tema da palestra ministrada pelo Professor Doutor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador em Neurociência, José Meciano Filho. A palestra foi realizada na noite desta segunda-feira, 24 de outubro, no Centro Cultural Agrício José Tolentino, e teve como parceria a Prefeitura Municipal, Sinted (Sindicato dos profissionais em Educação) e as Escolas Estaduais.

De que maneira a Neurociência auxilia na aprendizagem?

                A Neurociência pode auxiliar nos novos métodos de ensino e aprendizagem, tornando a aula mais agradável. Com o conhecimento na neurociência, os alunos e os professores usam uma metodologia ativa, tornando mais fácil a aprendizagem. Nós apresentamos as modificações que o cérebro sofre e em qual idade ocorrem essas modificações. Não adianta o professor exigir uma resposta de comportamento ou mesmo de uma atividade cognitiva de maior dificuldade para um aluno que não tenha o seu sistema nervoso totalmente formado. Nós dizemos que não está totalmente mielinizado, sem formação de sua sinapse, principalmente na região frontal do cérebro.

Sendo o sistema nervoso em formação, há uma dificuldade em aprender?

                Estudos mais recentes, utilizando a ressonância magnética funcional, mostram a área cerebral de um indivíduo por volta dos 18 anos de idade, e que nos leva a crer que realmente a aborrecência existe; esse comportamento, que se diz desafiador ao professor, é uma razão de não estar totalmente elaborado o sistema nervoso do adolescente, sabendo disso, o professor pode mudar o seu comportamento num acolhimento, trabalhando com a área afetiva, tendo mais contato, fazendo a pedagogia do coração.  O jovem vai aprender de uma maneira mais fácil e melhor.

O aprendizado com o uso da afetividade só é eficiente com os adolescentes?

A afetividade entra nos processos psíquicos em qualquer idade, nós temos trabalhos de recuperação cognitiva que realizamos na Universidade Estadual de Campinas com pessoas de mais idade.

Separamos três grupos de idosos. O grupo 1 fez atividades por meio de histórias oralizada (contavam a sua história de vida.) O grupo 2 realizou a atividade de contar a história de vida e tinha a opção para uma atividade cognitiva ( dama, xadrez, leitura – interpretação), já o grupo 3 fez atividade oralizada e atividade cognitiva. De uma maneira indireta, as alunas-pesquisadoras procuravam abordar o lado emocional, o lado da autoestima do grupo 3, propondo arrumar a unha das participantes, embelezá-la. Depois de noventa dias de intervenção, quando realizamos o exame, percebemos que o grupo 3, onde a emoção e a autoestima havia sido resgatada, apresentou um resultado superior ao grupo 1 e 2. A emoção, o carinho e o aconchego são importantes para qualquer idade na formação do sistema nervoso e na aprendizagem.

Os professores têm enfrentado desafios para lecionarem, e casos como agressão de aluno a professor e vice- versa tem sido considerável. Existe um culpado?

Eu acredito que seja a ausência da família e não problemas na relação professor-aluno. Não há mais diálogo entre os pais e filhos. Antes, as famílias passavam algumas instruções de comportamento aos filhos, e hoje, não se diz mais NÃO para os filhos porque eles se sentem culpados por não estar presente devido à correria do dia-dia, sobrando para a escola ter que dizer um não; e os pais se afastam da escola quando deveria se aproximar. Escola e família é uma unidade e precisam caminhar juntos na orientação do seu filho.

Já o professor passa pela desvalorização e enfrentam salas lotadas, sem condições físicas e ambientais para lecionar, isso tem levado o professor ao estresse. Hoje, o professor se encontra entre os três profissionais mais expostos ao estresse, comparado com o comandante da viação e aos soldados que ocupam a viatura da rota do Estado de São Paulo.

 

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