Bolsonaro questiona agressão a jornalistas em protesto
O presidente Jair Bolsonaro questionou nesta segunda-feira se as agressões a jornalistas durante manifestação no domingo, que foram registradas em imagens, realmente ocorreram, e disse, ao falar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, que se aconteceram foram realizadas por “infiltrados”.
Mais cedo, em publicação no Facebook, Bolsonaro disse que não viu as agressões cometidas por pessoas que o apoiam contra jornalistas durante a manifestação, que tinha entre suas bandeiras ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF), assim como ocorreu em protesto no dia 19 de abril, do qual o presidente também participou.
“Se houve agressão, é algum infiltrado e tem que ser punido”, disse o presidente aos apoiadores na porta do Alvorada.
Agressões físicas ao fotógrafo Dida Sampaio, do jornal O Estado de S. Paulo, foram registradas em imagens pela Reuters. Outros jornalistas foram xingados e empurrados pelos manifestantes.
Durante o protesto, o presidente foi informado pelos próprios apoiadores de que a TV Globo teria sido expulsa da manifestação, e no momento apenas criticou a emissora.
Um dia antes das agressões de domingo, apoiadores do presidente agrediram fisicamente um cinegrafista que cobria manifestações durante o depoimento do ex-ministro da Justiça Sergio Moro na Superintendência da Polícia Federal no Paraná.
Na sexta-feira, durante o feriado do Dia do Trabalho, profissionais de saúde que faziam um ato em Brasília para chamar atenção para a morte de colegas que morreram no combate à pandemia também foram agredidos fisicamente por apoiadores de Bolsonaro.
Na publicação que fez na manhã desta segunda no Facebook, Bolsonaro reclamou da cobertura dada pelo programa Fantástico, da TV Globo, às agressões cometidas no domingo, e comparou o ataque sofrido por repórteres e fotojornalistas que cobriam a manifestação, que disse não ter visto, à atuação da polícia no cumprimento de ações determinadas por autoridades locais para garantir o isolamento social durante a pandemia de coronavírus.
“Também condenamos a violência. Contudo, não vi tal ato, pois estava nos limites do Palácio do Planalto e apenas assisti à alegria de um povo que, espontaneamente, defendia um governo eleito, a democracia e a liberdade”, escreveu o presidente, que classificou a manifestação como “pacífica”.
“Agora, não vi, em dias anteriores a TV Globo sair em defesa de uma senhora e filha que foram colocadas a força dentro de um camburão por estarem nadando em Copacabana, outra ser algemada por estar numa praça em Araraquara (SP) ou um trabalhador também ser algemado e conduzido brutalmente para uma DP no Piauí.”
Autoridades locais fecharam praias, praças e parques para garantir o distanciamento social —criticado por Bolsonaro, mas preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como ferramenta fundamental para frear a disseminação do coronavírus. Já a atividade jornalística foi considerada essencial durante a pandemia em decreto editado pelo presidente.
Na manifestação de domingo, quando novamente houve aglomeração contrariando orientações de saúde para conter a Covid-19, doença respiratória causada pelo coronavírus que já infectou mais de 101 mil pessoas no Brasil e matou mais de 7 mil, Bolsonaro disse que chegou “ao limite” e que “não tem mais conversa”.
“Daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço. E ela tem dupla mão, não é de uma mão de um lado só não”, afirmou.
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