Justiça | Com Gisele Mendes e Danielle Britto | 01/04/2017 10h55

Mário Celsoterá que devolver áreas por falta de pagamento

Compartilhe:

As empresas Companhia Rio Pardo e Eucalipto S/A, que tem como presidente Mário Celso Lopes, ex-sócio da fábrica de celulose Eldorado Brasil e da J&F Investimentos (holding da família Batista que controla a JBS), localizada em Três Lagoas, terão que devolver área de 3.131 hectares referentes a três imóveis da Zona Rural localizados em Ribas do Rio Pardo. A devolução foi determinada por meio de decisão da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ/MS).

Mário Celso, que reside em Andradina, interior de São Paulo, distante 37 quilômetros de Três Lagoas, é alvo da Operação Greemfield, desencadeada pela Polícia Federal de Brasília. Ele, inclusive, foi preso no último dia 8 de março e trazido para a sede da Delegacia de Polícia Federal do município, onde foi ouvido e liberado horas depois após a defesa conseguir o direito de Habeas Corpus. Ele é acusado praticar crimes como gestão fraudulenta de fundos de pensão.

De acordo com a decisão do TJ/MS, o empresário tem que devolver a área porque é inadimplente, já que deixou de pagar R$ 52 milhões pelo lote. O acordo de compra e venda foi feito no dia 10 de dezembro de 2013 ao valor de R$ 128 milhões, e, mesmo sem pagar o local era utilizado por empresas de Mário Celso, onde foram plantados eucaliptos.

A ação foi protocolada junto ao TJ/MS pelos vendedores das áreas que requereram a indisponibilidade do maciço florestal. O pedido foi atendido em primeira instância, mas foi indeferido pelo colegiado. De acordo com o advogado que defende os vendedores, o processo de devolução das terras já está em fase de devolução.

Consta na decisão que o relator e desembargador Vilson Bertelli aponta que o envolvimento da empresa na investigação exigem maior cautela do Poder Judiciário e aumenta consideravelmente o perigo da demora na decisão como uma possível indisponibilidade das fazendas citadas em outros processos envolvendo Mario Celso Lopes.

OPERAÇÃO GREENFIELD

A prisão de Mário Celso foi registrada na manhã do último dia 8 de março, em sua casa, em Andradina e fazia parte da segunda fase da Operação Greenfield, deflagrada pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal, de Brasília.

Além do cumprimento de prisão contra Mário Celso, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele a seu filho e sócio, Mário Celso Lincoln Lopes. As medidas visavam recolher provas de que os envolvidos teriam praticado crimes, como gestão fraudulenta de Fundos de Pensão que realizaram investimentos no Fundo de Investimentos em Participação (FIP) Florestal. O FIP recebeu aporte de cerca de R$ 550 milhões dos fundos de pensão Petros e Funcef e, por isso, é um dos alvos da investigação iniciada em 2014, pelo MPF.

Investigações em curso no âmbito da Operação Greenfield revelaram que Mário Celso Lopes participou da constituição da Florestal S/A (atual FIP Florestal). Na época, o empresário era o principal sócio da MCL Empreendimentos e Negócios LTDA, que se aliou ao Grupo J&F Investimentos para a formação da companhia que, posteriormente, entre os anos de 2009 e 2010, recebeu os aportes financeiros de Petros e Funcef. Para justificar o pedido de prisão de Mário Celso, o MPF relatou à Justiça a descoberta de movimentações recentes como a assinatura de contrato cujo objetivo seria o de dificultar as investigações. As medidas judiciais foram autorizadas pela 10ª Vara Federal, em Brasília, e estão sendo cumpridas nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS