Brasil seria pouco afetado por guerra comercial, diz investidor
A saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos vêm sido interpretadas como sinais de um novo período na economia internacional.
Seria o início da “desglobalização”, com refluxo do comércio internacional e da integração econômica que marcaram as décadas desde o final da Segunda Guerra Mundial.
“Chegamos naquele ponto em que é hora de dar um reset antes de progredir novamente. O comércio global, como qualquer outra tendência, explodiu e agora bateu no limite”, diz o investidor Harry Dent em uma newsletter recente.
Para saber quem perde mais ou menos a partir de agora, ele usou como referência a exposição ao comércio internacional medida pela participação das exportações dentro do PIB no período entre 2013 e 2015.
Os grandes perdedores por esse critério serão países como Hong Kong, Singapura, Vietnã, Bélgica, Holanda, Malásia e Suíça.
Em seguida vem os países no grupo intermediário, quase todos europeus como Alemanha, Grécia, Noruega e Espanha.
Abaixo da média mundial (participação de 30% das exportações no PIB) aparecem Rússia, Índia, Itália e França. O Brasil é o último lugar com 12%.
Essas conclusões tem, por enquanto, muito de especulação. Ninguém sabe até que ponto Trump vai colocar em prática a parte mais explosiva da sua retórica (apesar de ter considerável poder para fazê-lo).
O mais provável é que tome medidas mais pontuais ou simbólicas contra setores e países específicos, independente da sua exposição geral ao comércio internacional.
O México e a China, por exemplo, não aparecem tão altos na lista de Dent mas tem sido por enquanto os principais alvos dos ataques de Trump na área de comércio.
A perspectiva de uma guerra comercial depende muito também do clima em outras grandes economias como França e Alemanha, que tem eleições no ano que vem.
Em seu último relatório, o banco francês Société Générale colocou a “incerteza política” como o maior “cisne negro” (eventos inesperados e de alto impacto) da economia global. O risco de “isolacionismo e guerras comerciais” aparece com 15% de chance.
Vale lembrar que Dent é conhecido como o pessimista dos pessimistas, e seu histórico de previsões é bastante irregular.
Ele acertou ao cravar antes de muita gente que a demografia mataria o crescimento do Japão, mas errou ao prever que o plano do governo americano pós-2008 não conseguiria ressuscitar o mercado.
Seu último livro, lançado em setembro, se chama The Sale of a Lifetime: How the Great Bubble Burst of 2017 Can Make You Rich” (em tradução livre: A liquidação de uma vida: como o grande estouro da bolha em 2017 pode te tornar rico”).
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