Agronegócio | Da Redação/Com Universo Agro | 26/11/2015 10h39

Aftosa ainda exclui a carne brasileira de um mercado de US$ 12 bilhões

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Com aproximadamente 20% do total das vendas mundiais de carne bovina, o Brasil desbancou os Estados Unidos e se tornou o maior exportador do produto. Estatísticas da CNA apontam que as exportações nacionais de carne bovina cresceram incríveis 737% em 14 anos, saltando de cerca de US$ 779 milhões em 2000, para US$ 6,4 bilhões em 2014. A despeito desta nítida evolução, o País ainda se encontra fora dos mercados mais sofisticados, que consomem produtos de maior valor agregado e que consequentemente pagam mais.

E um dos principais motivos para isso é o deficiente sistema de defesa sanitária nacional que ainda não conseguiu debelar a febre aftosa no País. Hoje, três Estados ainda têm casos da doença - Roraima, Amapá e Amazonas -, e a expectativa é que estejam livres com vacinação até o final deste ano. Até o momento, somente Santa Catarina é considerado livre de aftosa sem vacinação.

A doença, segundo especialistas, continua sendo a principal barreira para a comercialização de carne brasileira no mercado internacional. “A aftosa nos tira de um mercado em potencial que pode chegar a US$ 12 bilhões”, afirmou nesta quarta-feira (25), Sebastião Guedes, presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (Giefa), durante evento do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), realizado em São Paulo (SP).

De acordo com Guedes, erradicada a doença – desde que sem mais a necessidade de vacinação do rebanho -, o Brasil poderá acessar mercados como dos Estados Unidos, Japão, Canadá, Coreia do Sul, entre outros. “O Japão, por exemplo, paga US$ 20 mil pela tonelada de língua bovina, mas exige que os animais não sejam vacinados. Por sua vez, a mesma língua de gado vacinado é vendida no máximo a US$ 5 mil”, ressaltou.

No encontro, o setor privado lançou um esforço que tem como objetivo erradicar a doença no Brasil até 2020, sem que seja mais necessária a vacinação. “Estamos há nove anos sem um caso no Brasil, e há quatro no continente sul-americano”, assinalou Tirso Meirelles, presidente do CNPC. Questionado sobre o risco que as fronteiras ainda representam para o reaparecimento da doença no território brasileiro, Meirelles disse que a principal preocupação é com a Venezuela. “Na Bolívia e no Paraguai, o risco é mínimo”, garantiu.

Na terça-feira (23), a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu, lançou o Programa de Vigilância em Defesa Agropecuária na Faixa de Fronteira, que prevê R$ 125 milhões em cinco anos para o fortalecimento de ações sanitárias e fitossanitárias nos 15,7 mil quilômetros de fronteira brasileira. No próximo ano, o Brasil vai pleitear na Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o “status” de país livre de febre aftosa com vacinação.

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