Elevação do custo do boi magro pode ser entrave para os confinadores este ano
Como ocorre tradicionalmente, após o fim das chuvas, começa o confinamento de gado no Estado de Mato Grosso. Segundo boletim do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), embora o retorno do confinamento seja mais baixo em relação a 2014, a margem de lucro ainda deve ser atrativa neste ano.
Tomando por base a diária de R$ 5,50, um boi magro a R$ 1.681,19 e o valor da arroba de R$ 136,15, negociada para outubro de 2015, o Instituto calcula uma margem R$ 136,54 por cabeça, o que significa rentabilidade 48,54% menor que 2014.
Com base neste cálculo, o Imea prevê um ano mais difícil para os confinadores, em razão do alto custo do animal magro que valorizou 33,78% entre o 1º trimestre de 2014 e o 1º trimestre de 2015. Além de medidas para se proteger das oscilações negativas mais drásticas na arroba boi gordo, por meio de contrato futuro ou a termo, uma boa compra de animais e alimentação, aliada ao bom controle de gastos, também é importante para garantir o melhor retorno da atividade, segundo o órgão.
“Esperamos que esse ano o haja uma manutenção do número de animais confinados em Mato Grosso, que pode apresentar uma leve alta em relação a 2014”, afirma Fábio da Silva, gerente de Projetos da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
“O cenário traçado pelo Imea no Boletim Semanal da Bovinocultura de Corte é animador, já que expõe uma rentabilidade positiva para a estratégia de terminação. Porém, na opinião da Acrimat, a reposição dos animais (70% do custo) pode prejudicar a estratégia de terminação no cocho. Para se ter uma ideia, o boi magro está com um preço 20% maior que no ano passado”, analisa.
Por outro lado, Silva afirma que a oportunidade de aquisição dos insumos alimentares (milho e farelo de soja) é boa.
“Há ainda a possibilidade de que, com a chegada da segunda safra de milho ao mercado, o preço diminua, o que favoreceria o confinador. O confinamento deve ser tratado como um negócio, ou seja, é preciso avaliar os preços dos animais de reposição e dos insumos necessários à atividade, sempre com foco na renda do produtor”, salienta.
Estoque - Segundo relatório recente da Associação Nacional de Confinadores (Assocon), que entrevistou 85 confinadores, entre os dias 9 e 27 de fevereiro passado, os produtores tinham em estoque, há dois meses, 530.588 animais garantidos para a produção deste ano, o equivalente a 64,04% do total, estimado em 828.485 bovinos. Isto significa um incremento de 7,65% em relação aos 769.600 animais que eles produziram em 2014.
De acordo com a Assocon, parte dos confinadores relatou problemas para produzir animais com preços atrativos e considerou a nutrição como o grande gargalo, na época da pesquisa. Conforme a análise, prevalecia certo otimismo em relação aos preços do boi gordo no primeiro semestre deste ano, porém o segundo semestre reserva incertezas, por causa do risco de queda de demanda no mercado interno.
Embora a expectativa de crescimento em 2015 seja positiva, o gerente executivo da Assocon, Bruno Andrade, cita dois gargalos: a dificuldade dos confinadores para adquirir animais para o confinamento, em razão do alto custo do boi magro (reposição); e a baixa produtividade, em alguns casos.
“Em relação aos entrevistados da Assocon, apenas parte dos animais está garantida para a safra de 2015. Ou seja, é necessário adquirir mais 298 mil animais para cumprir a meta de produção, que é de 828 mil animais”, calcula.
O gerente ainda destaca que, em 2015, a disponibilidade é menor que em anos anteriores, mas existem animais para reposição.
“O preço é o grande travador de novos negócios. A procura está grande e a oferta de animais de reposição está ajustada, porém o setor tem a seu favor os altos valores da arroba do boi gordo, padronização da produção e a possibilidade de fechamento de acordos melhores com a indústria”, pontua Andrade.
5 milhões de cabeças - Expandindo os números apurados no levantamento da Assocon para o total nacional, a estimativa da entidade é de 4,478 milhões de animais confinados em 2015. Mais otimista, a Agroconsult estima que, neste ano, os pecuaristas brasileiros devem confinar 5 milhões de cabeças, o que pode significar um aumento de 400 mil cabeças, se comparado com o ano passado.
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