Agronegócio | Da Redação/Com Famasul | 16/09/2015 13h45

Soja ganha força e promete 100 milhões de toneladas

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A alta do dólar estimula os produtores brasileiros de soja às véspera do plantio. Com as máquinas reguladas durante o vazio sanitário – que previne a ferrugem e terminou oficialmente nesta terça-feira – o setor viu a queda do real diante da moeda norte-americana elevar o preço do grão a R$ 68,50 por saca (60 kg) nos últimos dias no Paraná – preço 8% acima do praticado em agosto e 28% além da média de um ano atrás.

Além disso, o fenômeno El Niño, que afasta o risco de seca no centro-sul do país, estimula a semeadura e dá sustentações a previsões que apontam para uma colheita sem precedentes, acima de 100 milhões de toneladas. Na temporada passada, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o país colheu recorde de 96,2 milhões de t.

Os três estados que mais produzem soja confirmam contribuição para uma safra acima da casa dos três dígitos. Em Mato Grosso, a cultura deve ocupar 9,2 milhões de hectares, extensão 2,06% maior que a da safra passada. No Paraná, a previsão oficial é que a soja irá cobrir 5,08 milhões de hectares (+2%). E no Rio Grande do Sul a estimativa é de 5,43 milhões de hectares, com alta de 3,14% ante 2014/15.

“Juntos esses três estados podem determinar o crescimento da produção brasileira. Uma quebra em outros estados não é tão relevante quanto em Mato Grosso, Paraná ou Rio Grande do Sul”, diz a analista Natália Orlovicin, da consultoria FCStone, que em sua primeira estimativa aponta 100,9 milhões de toneladas de soja e expansão da área nacional em 4,4%.

O El Niño favorece o centro-sul mas pode trazer irregularidade e seca ao Nordeste, que abrange a fronteira agrícola formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – o Matopiba – pondera o meteorologista Luiz Renato Lazinski. Por outro lado, ele avalia que a região tem menos influência no volume nacional de produção, também apostando em uma safra volumosa.

Dólar - Apesar de as cotações da principal commodity agrícola estarem nos menores níveis dos últimos seis anos no mercado global, o dólar cotado a mais de R$ 3,8 assegura alta em real que compensa elevação dos custos de insumos importados. “A taxa cambial tem feito o preço da soja no mercado interno altamente estimulante para o produtor. Nas conversas com o setor, é possível identificar o pessoal bastante empolgado. Como o câmbio não deve cair no curto prazo por questões políticas, o cenário é interessante”, destaca Camilo Motter, economista e analista de mercado.

Para o presidente da Coamo, de Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná), Aroldo Gallassini, as altas no insumo, diesel e impostos como a conta de luz serão atenuadas pelo efeito do dólar. Regiões de abrangência da cooperativa que tinham custo de R$ 23 por saca hoje registra R$ 30/sc.

“Os preços despontam como bons e temos mercado para comprar tudo que for produzido. Já tem gente fazendo contrato com R$ 70 a saca. Novamente, a soja será um produto que deixa uma boa margem [de lucro] para o produtor”, destaca o executivo. Os associados da cooperativa devem plantar 2,4 milhões de hectares com a oleaginosa.

China - Os temores econômicos associados à China não tem sido suficientes para frear a expansão da soja. Nas últimas semanas, notícias sobre a desaceleração da economia chinesa derrubaram bolsas ao redor do mundo e jogaram a cotação da soja no pior patamar em mais seis anos.

Porém, para Motter, a “fome” da população de 1,3 bilhão de pessoas aliada à necessidade do governo chinês de evitar, a qualquer custo, a escassez de alimento irão garantir a continuidade das importações. “Podem perder o ritmo, mas continuarão expressivas”, afirma.

Segundo o último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a China irá comprar 77 milhões de toneladas de soja neste ano, quase 7 milhões a mais do que em 2014 (70,4 mi/t). “Se fechar em 75, já é um baita crescimento”, diz o analista.

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