China exige que cientista pare atividade que gerou bebês editadas geneticamente
O governo da China exigiu na quinta-feira (29) que todas as atividades do grupo de pesquisadores que diz ter alterado o DNA de bebês fossem finalizadas. O motivo foi a unanimidade entre diversos cientistas do país de que ainda é muito cedo para fazer edição genéticas em humanos, pois não se sabe como isso poderá alterar o desenvolvimento dessa geração.
A decisão veio em face da revelação feita pelo pesquisador He Jiankui, que disse em uma conferência de alteração genética em Hong Kong que havia alterado o DNA de gêmeas em gestação com a intenção de torná-las resistentes ao vírus HIV. A divulgação do trabalho do cientistas deixou a comunidade científica horrorizada.
Ainda que os pesquisadores reunidos no congresso já estivessem, em alguns casos, testando métodos de alteração genética em humanos, todos ficaram atônitos com a revelação de Jiankui, chamando de irresponsável a alteração genética de embriões fora de tubos de ensaio nos laboratórios. O motivo disso é que ainda não se sabe nada sobre os efeitos que a prática pode ter não só na formação do feto, mas também na saúde da própria mãe.
Xu Nanping, vice-ministro chinês de Ciência e Tecnologia, também se mostrou totalmente contrário ao experimento conduzido nas duas gêmeas que nasceram no começo deste mês de novembro, falando que o que a equipe de Jiankui fez foi algo ilegal e inaceitável. O ministro também foi taxativo e disse que o pesquisador ultrapassou todos os limites da moralidade e da ética científica com seu experimento.
Por enquanto, ainda não há confirmação da veracidade do experimento, e os responsáveis pela conferência pediram que fosse feita uma investigação independente para definir se He Jiankui estava mesmo dizendo a verdade.
Jiankui, que tinha uma nova palestra na conferência marcada para esta quinta-feira (29), abandonou o local e retornou para seu laboratório, mas já avisou que não sairá da China e irá cooperar com qualquer investigação feita sobre seu trabalho.
Fora da China, o caso foi recebido pela comunidade científica como uma prova de que o campo de alteração genética não pode ser confiado para se autorregular, e é necessário a criação de leis mais rígidas que tratem do assunto. Ainda assim, não são todos que concordam com essa posição.
Para Alta Charo, advogado da Universidade de Wisconsin, já existem leis suficientes para regulamentar a prática e, pelas regras já existentes, o experimento de Jiankui nunca poderia ter sido feito. Por isso, ele considera o caso uma falha individual do pesquisador e não da comunidade científica como um todo.
De acordo com Victor Dzau, presidente da Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos e um dos patrocinadores do evento, será possível, sim, considerarmos a alteração genético de embriões fecundados no futuro, mas apenas em casos de necessidade médica extrema e depois de termos descoberto todos os riscos e benefícios de uma operação como essa.
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