Indústria | Da Redação/Com Diário do Comércio e Indústria | 11/11/2015 11h38

Dólar alto favorece expansão de biológicos

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Na contramão do mercado, o setor de defensivos biológicos caminha em ascensão. Desde 2012, a média de crescimento no Brasil se sustentou entre 12% e 15%. Agora, o avanço do manejo integrado e o efeito do dólar alto sobre os agroquímicos importados podem abrir mais espaço para os biodefensivos nacionais.

"O que o produtor não quer é comprar algo que esteja em dólar", diz o vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCbio), Gustavo Herrmann. O executivo conta ao DCI que as culturas com o maior potencial de avanço dos biodefensivos para que o agricultorreduza as despesas são a soja, milho, algodão e cana-de-açúcar.

A desvalorização do real puxou um expressivo incremento entre 20% e 50% sobre os preços dos insumos nesta safra, em relação ao período anterior. Em contrapartida, o defensivo biológico produzido no País, mesmo que ainda utilizado em menor escala, não sofreu o mesmo reajuste, tornando-se economicamente mais viável.

Herrmann explica que nos casos em que o produtor rural opta pelo chamado 'calendário', no qual adquire todos os insumos no início da safra e faz as aplicações de acordo com a necessidade, existe a possibilidade de alguma aplicação desnecessária ou sobra do produto. Já no manejo integrado de pragas (MIP) é realizado um mapeamento antes da compra dos defensivos, alternados entre químicos e biológicos, o que traz maior precisão e ajuste de despesas.

"A relação de troca desta safra está muito justa. Se ele [o agricultor] entrar no calendário, corre o risco de ficar no vermelho", acrescenta o presidente da entidade, Pedro Faria Júnior.

Os executivos citam casos de economia de até 26% nas despesas com o controle de pragas no algodão quando utilizado o manejo integrado.

Mercado - De acordo com o vice-presidente da ABCbio, o faturamento médio anual do setor gira em torno de US$ 120 milhões a US$ 150 milhões, cerca de 1% do mercado global. Embora não haja uma estatística exata, a expectativa é que nesta safra o segmento supere o avanço de até 15% obtido nos últimos três anos. Em 2014, a receita global de vendas ficou em US$ 12 bilhões, com a liderança dos norte-americanos.

Até 2020, a estimativa é que este mercado passe a crescer, anualmente, cerca de 20% no Brasil, um avanço de pelo menos cinco pontos percentuais.

As razões básicas para as boas perspectivas de crescimento deste segmento são: foco maior em uma agricultura sustentável, na qual ganha importância o uso de produtos menos tóxicos ao meio ambiente e ao homem; maior resistência das pragas aos defensivos químicos; oferta limitada de novas moléculas pelos produtores de defensivos químicos; expressivo avanço tecnológico verificado na área de defensivos biológicos, com o desenvolvimento de formulações mais eficientes e com maior vida de prateleira.

"As grandes empresas ainda não entraram de maneira massiva, mas quando chegarem será uma explosão", comenta o conselheiro da associação, Ari Gitz. No entanto, o presidente lembra que um dos entraves é a falta de uma regulamentação eficaz, que impeça a entrada de produtos ilegais (não registrados) neste mercado. "O nível de investimento em pesquisa e desenvolvimento [neste setor] também é muito menor do que nos químicos", completa Júnior.

Na avaliação de técnicos e especialistas da área, segundo a ABCbio, a principal tendência no mercado é de que os biodefensivos acabem tendo uma convivência harmoniosa com os defensivos químicos, com uma natural substituição de moléculas superadas. No Paraná, por exemplo, já é possível observar isso entre os adubos biológicos.

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