Duplicação da BR-163: classe política ‘comprou’ briga com concessionária
A dificuldade da CCR MSVia em dar prosseguimento nas obras de duplicação da BR-163 saiu da esfera administrativa e incomodou até mesmo a classe política. A concessionária assumiu a rodovia em 2014, com a promessa de duplicar mais de 800 quilômetros em cinco anos, mas, uma década depois, concluiu apenas 150, 17% do total.
“Queremos a duplicação completa da via, mas enquanto nada se decide a população não pode ser penalizada. Muitas tragédias poderiam ser evitadas caso a via fosse duplicada", disse em 2017 o ex-presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Prof. João Rocha, que mobilizou câmaras do interior para pressionar a conclusão das obras.
À época, já com a duplicação paralisada, a Câmara da Capital reuniu representantes de 13 outras câmaras municipais (Camapuã, Itaquiraí, Naviraí, Nova Alvorada do Sul, Jaraguari, Mundo Novo, Rio Brilhante, São Gabriel do Oeste, Bandeirantes, Rio Verde, Caarapó e Eldorado, além da Capital) cobrando a volta dos trabalhos ou, pelo menos, a suspensão da cobrança do pedágio caso as obras não sejam retomadas.
A bronca da classe política baseava-se nos números da empresa. Enquanto a duplicação não saía do papel, a arrecadação da empresa chegava a R$ 291 milhões em 2016, segundo reportagem do site Campo Grande News.
Audiências públicas foram realizadas na Casa de Leis de Campo Grande e em algumas cidades do interior, e as reivindicações levadas até o MPF (Ministério Público Federal) com pedido de reavaliação da cobrança do pedágio, já que, à época, as obras estavam paralisadas.
Apesar dos apelos, as obras não avançaram e apenas 17% da via tem mão dupla.
“A BR-163 é conhecida como Rodovia da Morte, daí a importância de sua duplicação. As obras, também, gerariam emprego e renda. A população recebeu essa notícia com muita angustia, de maneira negativa. A concessionária parou as obras, mas manteve o pedágio”, disse o então presidente da Câmara de Rio Verde, Anivaldo Moraes de Almeida.
A BR-163 tem 845,4 quilômetros de extensão e cruza todo o Mato Grosso do Sul, desde a divisa com o Paraná, na cidade de Mundo Novo, até a divisa com Mato Grosso, em Sonora.
A rodovia passa por 21 municípios, entre eles Campo Grande, e serve a mais de 1,6 milhão de habitantes. Seu papel é fundamental na logística de transporte da agroindústria, do comércio e do turismo.
O outro lado - Segundo a concessionária, o projeto da rodovia foi fortemente impactado pela crise econômica que abateu o país a partir de 2014, “afetando a remuneração da concessionária e elevando de forma expressiva seus custos financeiros”.
Além disso, outros fatores impactaram o projeto, tais como o aumento do preço do asfalto, o atraso no processo de licenciamento ambiental, as autorizações para obras apenas em trechos não contíguos “e a inclusão de diversas exigências não previstas no edital, comprometendo o equilíbrio econômico-financeiro do contrato e, portanto, inviabilizando a continuidade das obras de duplicação da rodovia”.
Ainda conforme a CCR MSVia, empresa já injetou na concessão cerca de R$ 2,1 bilhões em obras, equipamentos e serviços de melhoria. Há também a execução dos ciclos de roçada e capina da faixa de domínio, manutenção da sinalização e a conservação do pavimento. Cerca 4 mil trabalhadores diretos e indiretos foram empregados e treinados nas diversas atividades da empresa.
Também, foi implantado um sistema operacional com 17 bases operacionais, compostas por uma frota de mais de 80 veículos e disponibilização de uma equipe de cerca de 500 colaboradores para o atendimento ao usuário e serviços de atendimento pré-hospitalar.
A operação conta com o auxílio de 477 câmeras em circuito fechado, para monitoramento do tráfego à distância, 24h por dia, a partir do CCO (Centro de Controle Operacional), o que permite, ainda, fiscalização da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em tempo real.
O SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário) da CCR MSVia já registrou mais de 1 milhão de atendimentos ao longo da rodovia desde o início da operação.
“Todos esses fatores colocaram em outro patamar de segurança e fluidez de tráfego. Houve uma redução de 34% no número de mortos em acidentes na rodovia entre 2015 e 2022”, afirma a concessionária.
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