Saúde | Época Negócios | 02/07/2018 12h32

Só deveríamos trabalhar em período integral a partir dos 40, diz psicóloga

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A falta de tempo para lidar com as múltiplas tarefas do dia a dia é sintoma claro da atualidade. Principalmente para quem administra família, carreira profissional, relacionamentos e outras obrigações.

Fazer tudo isso seria bem mais fácil se administrássemos melhor nossas jornadas profissionais. Essa é a opinião da psicóloga e diretora do Centro para a Longevidade da Universidade de Stanford, Laura Carstensen.

Segundo ela, não faz sentido que exatamente no período em que o ser humano tem a maior longevidade da história, continuemos trabalhando tão intensamente desde os primeiros anos da vida adulta. Melhor seria, diz Laura, se tivéssemos jornadas mais flexíveis nos primeiros anos profissionais, quando geralmente há mais obrigações além do trabalho, e somente na meia idade passássemos a trabalhar em período integral.

"Precisamos de um novo modelo. O atual não funciona porque falha em reconhecer todas as demandas que há em nossa vida. As pessoas estão trabalhando o tempo todo, enquanto criam os filhos. Você nunca tem uma pausa, nunca descansa. Seguimos nesse passo insustentável, até que não aguentemos mais", afirma a psicóloga em entrevista ao Quartz.

Faria mais sentido, segundo ela, se aproveitássemos a maior longevidade para trabalhar por mais anos, mas reduzir o ritmo. Assim, seria possível também alongar as fases de aprendizado – o que na prática já acontece, com as múltiplas pós-graduações e formações complementares de muitas carreiras. O problema é que, no modelo atual, elas acabam justamente aumentando a já excessiva carga horária.

Assim, para ela, o trabalho em tempo integral começaria na faixa dos 40 anos de idade, quando os filhos já estão crescidos. Depois, voltaria-se às jornadas mais curtas nas terceira idade, com a aposentadoria completa em torno dos 80 anos.

A psicóloga adverte que a situação só tende a piorar conforme cresce a pressão por produtividade e não se leva em conta a saúde mental e o bem estar dos profissionais.

"Não há razão real para que trabalhemos dessa forma. O mais difícil é saber como começar um processo de mudança. Mas, uma vez que ele seja iniciado, não tenho dúvidas de que será disseminado amplamente", diz.

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