Três Lagoas | Da redação/com JPTL | 19/05/2013 17h22

Cerca de 10 % da população está com o "nome sujo"

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Três Lagoas (MS) - Abril foi o mês recordista de nomes inseridos no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), em Três Lagoas. Dados da Associação Comercial e Empresarial de Três Lagoas (Ace/TL) apontam que, no mês passado, 637 consumidores tiveram os nomes inscritos no programa. O número equivale a quase o dobro do índice registrado em março, quando 370 consumidores ficaram inadimplentes. O resultado do mês também equivale a um aumento de aproximadamente 20% em comparação ao índice registrado em abril de 2012, quando 461 nomes foram inseridos no programa.

Já no acumulado deste ano, de janeiro a abril, 1.832 três-lagoense ficaram com o “nome sujo” na praça. O total de inadimplentes segue a mesma média registrada no período de 2012, 1.828 inseridos. No entanto, o volume da dívida aumentou significativamente. As dívidas geradas neste ano somam nada menos que R$ 560,445 mil (de janeiro a abril), o equivalente a uma média de R$ 130 mil a cada 30 dias. Já em 2012, foi gerada, no primeiro trimestre (de janeiro a março), uma dívida de R$ 331,1 mil, média de R$ 110 mil ao mês.

De acordo com a economista Eveli Silva Oliveira, o índice de inadimplência, que hoje abrange uma média de 13% da população economicamente ativa no município, está diretamente ligada ao custo de vida do três-lagoense e também a um problema cultural que, embora tenha perdido forças, ainda é comum entre muitos consumidores.

Para o primeiro caso, ela cita a média salarial do três-lagoense, hoje em torno de R$ 820, segundo dados do IBGE, em comparação com os preços dos aluguéis. “A cidade cresceu, mas o mínimo salarial não acompanhou. Se analisarmos o índice de reajuste dos aluguéis, que são abusivos, com impostos, contas de água, luz, telefone e alimentação, não sobra nada. Fala-se em deflação, mas ela ainda não chegou ao consumidor. O que falta em Três Lagoas é equilíbrio” disse.

Como exemplo, ela cita o fenômeno registrado no fim do ano. Até dezembro de 2011, a cidade possuía 11 mil inadimplentes. O número, porém, caiu neste começo de ano graças, segundo ela, aos empregos temporários que serão gerados nessa época. “A pessoa consegue um emprego temporário, quita as suas dívidas e depois se prepara para fazer novas”, disse.

A questão salarial, somada à grande rotatividade de trabalhadores existente no mercado três-lagoense, pode ser analisada também através do perfil dos inadimplentes. Segundo o SCPC, do total de pessoas com nome inserido no programa, 76%, ou seja, 5.863 pessoas devem até R$ 500. Em contrapartida, os consumidores com dívidas acima de R$ 2 mil é de apenas 139 pessoas.

Além da questão salarial, Eveli aborda ainda alguns problemas culturais. Entre eles, a necessidade de consumo do brasileiro, impulsionada pelas inúmeras facilidades de crédito e de pagamento, e também a ideia de que o nome “ficará limpo” depois de cinco anos. “Antigamente, a pessoa fazia uma dívida e depois de cinco anos, o nome estava limpo. Isso facilitava a inadimplência. Hoje, no entanto, as coisas mudaram. As instituições analisam todo o histórico do consumidor, para saber se ele já teve o nome inserido no mercado um dia e se ele quitou a dívida. A cada quesito desse, caso confirmado, é criada uma barreira a mais para ele conseguir créditos”.

Atualmente, 7.946 pessoas estão com o nome inserido no Serviço de Proteção ao Crédito. Juntas, elas somam uma dívida de R$ 3,536 milhões no comércio local. O maior vilão dos consumidores, segundo levantamento feito pelo SCPC, é o cartão de crédito.

Para esses consumidores, a economista tem apenas uma sugestão: planejamento. “A população está aprendendo a colocar o pé no freio. Mas ainda há muito a ser feito. O primeiro passo é fazer o planejamento, para quitar as dívidas antes de tudo. O que é difícil para muitos: às vezes, a pessoa deixa de pagar uma conta para ir a um show. É preciso sentar e fazer o cálculo de quanto se ganha e quanto é possível destinar exclusivamente para o pagamento das dívidas”.

Além disso, a economista orienta os consumidores a negociarem com as lojas. Muitas delas, explicou Eveli, reduzem ou isentam por completo o devedor dos juros e ainda aceitam o pagamento parcelado. “Ela [empresa] só quer receber, em muitos casos. Então, compensa negociar”, explicou.

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