Três Lagoas | Da redação/com JPTL | 21/08/2013 11h04

Depoentes afirmam que médicos da cidade não cumprem carga horária

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Oitivas contaram com a participação de Amarildo Cruz, presidente da CPI, Lauro David, vice, e Eduardo Rocha, membro Oitivas contaram com a participação de Amarildo Cruz, presidente da CPI, Lauro David, vice, e Eduardo Rocha, membro (Foto: Arthur Freire)

Três Lagoas (MS) - Durante oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga possíveis irregularidades nos repasses do Sistema Único de Saúde para 11 munícipios de Mato Grosso do Sul, e que realizou oitivas ontem, em Três Lagoas,três depoentes afirmaram que os médicos não cumprem a carga horária estabelecida para atender nos postos de saúde do município. 

O ex-secretário de Saúde, Sérgio Jeremias, a atual secretária da pasta, Eliane Brilhante e o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Edson Aparecido Queiroz, ao responderem às perguntas da comissão, confirmaram que existem dificuldades dos profissionais permaneceram atendendo por oito ou quatro horas nas unidades de saúde, conforme estabelecido em contrato.“Nós temos dificuldades para fazer com que eles [médicos] cumpram os horários nas Unidades Básicas de saúde, nas Estratégias de Saúde da Família. Só não temos dificuldades no nosso plantão do Pronto Atendimento, que é urgência e emergência”, declarou Eliane Brilhante.

O presidente da CPI, deputado Amarido Cruz, informou que a comissão já solicitou informações a esse respeito e pretende checar as planilhas das escalas e das frequências desses profissionais nas unidades de saúde. “São esses problemas que precisamos checar, temos que colocar o dedo na ferida. Tem que se encontrar uma solução. Fica a gestão fazendo de conta que paga, mas, em contrapartida o médico acha que está ganhando pouco, por isso não cumpre a carga horária. Então, fica essa relação de hipocrisia e o povo que paga por não ter um atendimento de saúde de qualidade”, comentou o deputado.

Amarido disse ainda que é preciso buscar alternativas para resolver a situação dos atendimentos nas unidades de saúde. “Acho que temos que colocar o dedo na ferida e dizer se é preciso pagar melhor, e explicar o porquê, se não tem que pagar melhor, ou se a saída é diminuir a carga horária para que seja cumprida. Ou seja, de uma maneira ou de outra temos que oferecer uma alternativa e apontar novos caminhos, pois da forma que está se tornou insustentável esse modelo, o que toda a população já constata em nosso Estado”, reforçou o deputado.

DEMANDA

Ainda durante a oitiva de ontem, foi levantando também a questão da Regulação de Vagas, e a dificuldade para se conseguir realizar determinadas cirurgias em Campo Grande. A comissão deixou claro que o ideal era que Três Lagoas, por atender toda a região do Bolsão, pudesse oferecer atendimento de alta complexidade.

Para o presidente da CPI, um dos grandes problemas enfrentados, não só em Três Lagoas, mas em outros municípios, é a falta de recursos para serem aplicados na saúde, assim como a falta de médicos, principalmente especialistas. Amarildo adiantou que a maioria dos municípios vem cumprindo com a obrigação constitucional que é de aplicar 15% do seu orçamento na saúde. “Portanto, se os municípios vêm cumprindo com suas obrigações, cabe a União e ao Estado colocar mais recursos nessas gestões”, destacou.

OITIVA

O ex-secretário de Saúde, o pediatra Sérgio Jeremias foi o primeiro a prestar esclarecimentos Comissão Parlamentar de Inquérito. A segunda depoente foi a atual secretária de Saúde, Eliane Brilhante. Em seguida, a comissão ouviu representantes do Hospital Auxiliadora, e por último o ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde, Alex Sandro Ribeiro Cardoso, e o atual, Edson Aparecido de Queiroz. A oitiva teve duração de quase três horas.

O presidente da CPI avaliou como positiva as oitivas em Três Lagoas. “A qualidade dos depoimentos e das informações que recebemos abrem para outras convocações e buscas por novos documentos. Com certeza Três Lagoas fará parte de um capítulo importante no relatório dessa CPI. Acho que cumprimos a nossa missão. As oitivas foram acima das perspectivas, teve um grau de interesse muito grande das pessoas. Recebi uma série de informações da população. Precisamos, agora confrontar  os depoimentos com as informações e documentos para que, dentro do relatório, aí sim, formar o nosso juízo de valor”, comentou.

Amarildo Cruz disse que ao final dos trabalhos a intenção da CPI é apontar novos rumos e melhorias para a área da saúde em Mato Grosso do Sul. “Acho que a CPI vai contribuir para aperfeiçoar o sistema de gestão da saúde no Estado. Os problemas levantados vamos encaminhar ao Judiciário para que providências possam ser tomadas e ao que compete aos municípios, Estado e União, vamos estar cobrando e apontando alternativas”, destacou.

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