Três Lagoas | Da redação/com JPTL | 25/06/2013 12h19

Gastos do dinheiro público na mira de manifestantes de Três Lagoas

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Três Lagoas (MS) - Os gastos com o pagamento de diárias para viagens de vereadores da Câmara Municipal de Três Lagoas também causam indignação aos três-lagoenses. Na passeata do último sábado, houve manifestação explícita contra o desperdício do dinheiro público com viagens, na maioria das vezes, consideradas desnecessárias, feitas por vereadores a Campo Grande, Brasília, São Paulo e outras localidades, sob a alegação de participação em seminários, reuniões em secretarias de estados, idas à Assembleia Legislativa ou ao Congresso Nacional, sob o pretexto de terem agendado audiências com autoridades,  personalidades do mundo político para tratarem de assuntos que, na maioria das vezes, são de competência exclusiva do poder executivo.  As diárias pagas pelo Legislativo Municipal, na maioria das ocasiões, são utilizadas por vereadores para defender interesses difusos sem resultados práticos e objetivos em favor da coletividade. Os gastos com diárias consideradas desnecessários alcançam a cifra de R$114.437, 20 no período compreendido entre janeiro e abril deste ano, conforme já noticiado pelo Jornal do Povo, levando-se em conta que falta contabilizar esses gastos nos meses de maio e junho.

O questionamento sobre os gastos com diárias, se realmente são utilizadas para a finalidade a partir da qual foram concedidas, tem ensejado o ajuizamento pelo Ministério Público Estadual com várias ações civis públicas contra os parlamentares. Tudo isso exige uma comprovação mais efetiva de suas participações em eventos que pretensamente justificaram o deslocamento, sob pena de devolução de valores dessas diárias. Outro questionamento dos manifestantes é quanto ao valor das diárias consideradas elevadas. Dentro do Estado, o valor de cada diária está fixado em R$ 900,45 e, para outros estados, em R$ 1.350, valor superior aos concedidos aos membros do corpo diplomático do Itamaraty. Além disso, os vereadores têm direito ainda a R$ 4 mil de verba indenizatória para ressarcir gastos com gasolina, aluguel de veículos, entre outros, além da remuneração mensal de R$ 10.021.

O desperdício do dinheiro público, o combate à corrupção, ética na política, mais saúde e educação, além de segurança, foram um dos assuntos levados às ruas durante os protestos que ocorreram em Três Lagoas. Participando da manifestação do último sábado na cidade, a diretora da escola estadual Fernando Correa, Sônia Barbosa, disse que a atuação dos vereadores no Legislativo Municipal não tem surtido o efeito desejado. Quanto ao valor das diárias, Sônia disse que acha um absurdo. “Como diretora, vou a Campo Grande, recebo o valor correspondente às passagens de ida e volta e mais R$ 79, que é a diária para hospedagem e alimentação. Acho que esse valor não é suficiente. Entendo que R$ 300 seria um valor suficiente para os servidores, assim como para os vereadores. Tenho experiência. Faço essa viagem para Campo Grande há algum tempo e sei que não há necessidade dessa diária como é a que é paga pela Câmara”. Sônia Barbosa foi além e disse que acha um absurdo o pagamento de verba indenizatória, assim como o vereador ter direito a alugar veículos. “Para que isso? É absurdo. Temos que pensar em fazer benfeitorias, melhorar a nossa saúde e educação, e não ficar jogando o nosso dinheiro no ralo, como a gente vê aqui em Três Lagoas e no Brasil todo. Isso é uma vergonha”, disparou.

Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinted) de Três Lagoas, Maria Diogo, a Câmara Municipal deveria ter um orçamento participativo na questão das diárias. “O salário deles [vereadores] já é alto. Além dessa remuneração, eles têm as verbas indenizatórias. Acho que os vereadores deveriam repensar e abrir uma discussão sobre essa questão com a comunidade. Não sou contra o pagamento de diárias. Acho que as pessoas que estão representando a população nas instâncias municipal, estadual e federal não podem sair de casa sem uma ajuda de custo. Mas uma coisa é pagar uma diária dentro de uma proporção correta e a outra é abusar do dinheiro publico”, declarou.

Na manifestação de sábado, a esposa de um policial militar que também estava participando do protesto mostrou-se indignada com o valor das diárias a que os vereadores têm direito. Por medo de represália ao seu esposo, ela não quis divulgar o nome, mas comentou que é muito desproporcional o valor da diária que um vereador tem direito em comparação a de um policial militar. “Isso me revolta! Saber que o meu marido sai daqui para ir a Campo Grande e recebe R$ 70, quando um vereador recebe R$ 900. É por essas e outras que a sociedade tem que protestar mesmo”, declarou.

Professor de história e um dos organizadores das manifestações que vêm ocorrendo em Três Lagoas, Leles Guilherme, de 28 anos, disse que não é contra as diárias, desde que os vereadores utilizem em prol do interesse público. “O problema é que existem denúncias de que não são bem utilizadas pelos vereadores”, opinou.

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