Ciência e Tecnologia | Da redação/ com Correio do Estado | 16/03/2016 14h26

Dinapec mostra melhoramento animal e novas tecnologias

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A utilização do feijão-guandu consorciado com braquiária é uma alternativa eficiente para recuperar áreas degradadas e garantir a produtividade e a viabilidade econômica da pecuária. Essa é uma boa notícia aos pecuaristas, já que um dos grandes problemas enfrentados por eles é a degradação de áreas de pasto.

A forrageira Guandu BRS Mandarim é a espécie de feijão que foi apresentada na Dinapec 2016 pela Embrapa Pecuária Sudeste (SP). Ela é muito indicada para viabilizar a recuperação de pastagens degradadas.

Aproximadamente, 80% das pastagens brasileiras encontram-se com algum grau de degradação, prejudicando o setor e refletindo diretamente no bolso do produtor rural. Pastagens degradadas perdem o vigor, a capacidade de recuperação natural e a qualidade, reduzindo a produtividade e a capacidade de lotação animal por hectare.

Em experimentos realizados na Fazenda Canchim, na sede da Embrapa Pecuária Sudeste, verificou-se aumento no desempenho individual dos animais e na lotação em comparação com áreas degradadas. Na integração do guandu BRS Mandarim com a braquiária, o ganho de peso médio por animal foi 51% maior.

O guandu é uma tecnologia de baixo custo de implantação, fácil manejo, serve de alimento para os animais e apresenta alto potencial para adubação verde, melhorando a fertilidade do solo.

A persistência dessa leguminosa na área é por volta de três anos. Essa característica é muito vantajosa para os produtores, porque não há necessidade de replantar o guandu BRS Mandarim todos os anos.

O produtor que não foi à Dinapec e quiser informações pode consultar a Embrapa Pecuária Sudeste pelo site www.embrapa.br/pecuaria-sudeste.

OUTRA VARIEDADE
Os últimos lançamentos em forrageiras tropicais para bovinocultura de corte foram apresentadas e expostas nos campos experimentais da Dinapec.

A BRS Tamani é uma outra variedade de capim e esteve entre os lançamentos. A cultivar de Panicum maximum chegou em 2015 para suprir a demanda por um material de porte baixo, fácil manejo, alto valor nutritivo e perfilhamento. Além disso é uma alternativa às áreas plantadas unicamente com a cultivar Massai.

Apresentada no ano anterior, 2014, a BRS Zuri é uma planta também do gênero Panicum e destaca-se pelo alto grau de resistência à mancha das folhas, causada pelo fungo Bipolaris maydis. Assim em áreas com históricos de infestação do fungo, ela é a mais recomendada. A BRS Zuri também tem alta resistência à cigarrinha-das-pastagens. As duas gramíneas foram destaques nos plotes da Dinapec.

OS CONSÓRCIOS

Outras possibilidades encontradas na vitrine foram os consórcios em sistemas integrados. O milho safrinha acompanhado dos capins Paiaguás, Zuri e Tamani. Já o guandu BRS Mandarim foi apresentado com as forrageiras Piatã, Zuri e Tamani. “As forrageiras favorecem a sua utilização em sistemas integrados por características como o crescimento mais lento na fase inicial com menor competição com a cultura associada; o sistema radicular profundo, que confere maior tolerância a seca e maior reciclagem de nutrientes; e a boa tolerância a sombreamento”, lista o pesquisador Ademir Hugo Zimmer.

Especialista em manejo de pastagem, Zimmer ressalta a importância de se escolher uma forrageira no sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), pois ela deve atender aos objetivos da produção em questão e isso exige manejo adequado à produção animal, proporcionando boa palhada para os cultivos em sucessão.

Braquiárias, como Piatã e Paiaguás, “se caracterizam por sua rusticidade e adaptação a solos de baixa fertilidade e ácidos, entretanto, respondem bem a melhorias na fertilidade do solo e, portanto, apresentam altas produções em áreas com cultivos anuais”. Os panicuns por sua vez, como Zuri e Tamani, são altamente produtivos, exigentes em solo, têm elevada produção de forragem de qualidade superior, resultando em bons ganhos de peso.

Tanto braquiárias quanto panicuns, conforme o pesquisador, servem para todas as fases da criação, mas são indicados na recria e engorda de bovinos e produção de leite. Já o uso do guandu BRS Mandarim é ideal para recuperação de pastagens. O feijão-guandu fixa o nitrogênio nas raízes e assim o produtor rural recupera seu pasto sem utilizar a adubação nitrogenada. É economia e sustentabilidade.

BOVINOCULTURA DO LEITE

Agraer e Embrapa Agropecuária Oeste também participaram da Dinapec ativamente. E apresentaram ações que desenvolvem em parceria, com o objetivo de incentivar as trocas de informações e de tecnologias com produtores em prol do desenvolvimento sustentável da atividade leiteira no Estado.

Foram realizadas oficinas práticas, com roteiros tecnológicos por meio de demonstração de tecnologias a campo e fortalecimento dos conceitos e princípios de alimentação (pastejo e complementar) e manejo dos animais e qualidade do leite.

A atividade leiteira é caracterizada por envolver conhecimentos extremamente diversificados, relacionados ao ambiente, genética, manejo, entre outros. Cada um desses fatores demanda atenção especial para que possa contribuir com o equilíbrio, proporcionando bons índices zootécnicos e econômicos aos produtores, possibilitando a conquista da sustentabilidade na bovinocultura de leite.

“Condições climáticas, mão de obra, mercado, crédito, localização, acesso a insumos, assistência técnica e conhecimento são variáveis particulares de cada propriedade rural.Estes aspectos devem ser levados em consideração na escolha do sistema de produção adequado à cada realidade. Nesse evento, estamos levando informações sobre esses e outros temas para os interessados no assunto”, explica o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, Auro Akio Otsubo.

“A bovinocultura de leite demanda conhecimento. A parceria entre Embrapa e Agraer se fortalece a cada ano, sendo de fundamental importância para levar informações de qualidade aos produtores. A nossa participação conjunta na Dinapec reforça a integração do nosso trabalho como parceiros, em prol da sustentabilidade da bovinocultura de leite no Estado”, explica o chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme Lafourcade Asmus.

Para o presidente da Agraer, Enelvo Felini, a participação na Dinapec tem sempre um significado especial. “A parceria Embrapa-Agraer é de grande relevância para a produtividade da agricultura familiar no Estado. Essa união de esforços contribui com o trabalho dos nossos técnicos de levar informações para os produtores”, destacou Felini. Ele informou ainda que a Agraer trabalhou para levar cerca de 600 trabalhadores rurais para a Dinapec.

”Nosso objetivo foi o de incentivar boas técnicas no quesito de raças de animais e alimentação do rebanho, de modo que o Estado, possa ser gradativamente destaque ativo na produção de leite, uma vez que temos solo e clima favorável para atividade”, finalizou.

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