O mercado e os desafios da dança no interior e no Estado
Ao centro do palco, cercado por bailarinas vestidas de vermelho, Caio executa com leveza os passos sacrificantes e precisos do balé clássico. Nascido em Sidrolândia (MS), Caio Baratella tem 15 anos e entrou no balé por acaso. “Eu sempre dancei e fui convidado a participar de uma aula de balé e me apaixonei”. Sobre o preconceito, Caio diz que a “zoação” sempre tem, mas as coisas têm mudado sobre o conceito de meninos que dançam balé”. E sobre o conceito da dança no Estado, coreógrafos apontam avanços e soluções para o mercado da dança.
A coreógrafa Maria Helena Pettengill é responsável pela Companhia de Artes Uniderp Anhanguera que tem 10 anos de existência e trabalha a dança contemporânea com acadêmicos da instituição. “Eles vão concluindo o curso, mas temos conseguido mantê-los na companhia”, comenta. O grupo desenvolve a dança contemporânea baseada em música e texto com a cultura sul-mato-grossense.
Profissionalização
“Nós temos ainda um movimento muito concentrado na dança contemporânea, que é Campo Grande – Dourados, mas percorrendo o Estado, eu percebo que os grupos existentes têm buscado colocar em palco um trabalho com uma pesquisa mais aprofundada e com qualidade, e sempre trabalhando com a dificuldade de fornecer uma formação para o bailarino”, discorre Pettengill.
A formação também é um elemento apontado por Marcos Mattos, coreógrafo do Grupo de dança de rua “Expressão de Rua”. “A vontade da dança é muito grande, e o que a gente vê pelo interior do Estado são trabalhos feitos pela intuição”, comenta Mattos, que acrescenta que o conhecimento teórico e corporal ainda é algo que se tem que aprimorar no mercado da dança.
Mattos trabalha no movimento de dança de rua há 15 anos e conta que hoje os grupos têm aumentado devido algumas iniciativas governamentais e manifestações da dança em algumas igrejas, mas ratifica que a busca pelo profissionalismo ainda é pouco.
1% de cultura
A classe artística de Mato Grosso do Sul organizou no mês de outubro um movimento para que seja cumprida a lei que determina 1% para a cultura no orçamento municipal. Para Patrícia de Almeida, coreógrafa do grupo jovem Beatriz de Almeida, o 1% seria o mínimo e de muita importância, pois segundo ela, o acesso das pessoas às atividades culturais engendra uma facilidade às atividades educacionais e sociais.
“Nós temos o objetivo de formar um grupo profissional de balé no Estado e se faz necessário um apoio das esferas públicas para o nosso intento”. Patrícia é coreografa, junto a sua irmã Beatriz de Almeida, do Grupo jovem Beatriz de Almeida, fundado há 13 anos e desenvolve o balé semi-profissional.
“A participação de circuitos de dança no Estado nos motiva a essa nossa intenção de formar um grupo profissional que viva do balé no nosso Estado”. Mas Patrícia ressalta que ainda é preciso um patrocinador regular às companhias de dança no país, pois geralmente são patrocínios temporários, o que não dá para manter uma companhia com bailarinos que viva exclusivamente da dança.
De avanços e problemas a serem solucionados na dança, jovens como Caio Baratella fala da dança que pratica com entusiasmo e satisfação pelos aplausos de cada apresentação.
A companhia de Artes Anhanguera Uniderp, o grupo Expressão de Rua e o Grupo Jovem Beatriz de Almeida se apresentaram neste domingo em Aparecida do Taboado pelo Circuito Dança no Mato, uma realização do Governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura, e a prefeitura de Aparecida do Taboado.
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