Atenção à saúde mental é tema de audiência pública na ALMS
Com o tema “A Política de Saúde Mental e a atuação das Psicólogas e dos Psicólogos”, a audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul na quinta-feira (09), reuniu diversos profissionais da área e representantes de setores da sociedade civil organizada em uma tarde marcada pelas manifestações artísticas e a participação pela internet dos seguidores do Legislativo nas redes sociais.
O evento, proposto pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT), aconteceu no Plenário Júlio Maia e foi aberto pela apresentação do coletivo Slam Campão, que mostrou aos ouvintes uma série de poesias declamadas dentro do estilo que se originou na década de 1980 em Chicago, nos Estados Unidos.
“Nunca foi tão importante debater a saúde mental como agora, em um tempo de crise econômica e social pelo qual o Brasil passa atualmente. E, muitas vezes, as pessoas reagem à crise desenvolvendo quadros de depressão, alcoolismo, dependência química ou até mesmo suicídio. As estatísticas mostram o aumento desses casos nos últimos anos, sendo que Mato Grosso do Sul possui um dos maiores índices proporcionalmente à sua população. Somente em 2017 foram registradas 1.756 tentativas de suicídio, das quais mais de 250 resultaram em morte no Estado. Assim, sentimos que o Poder Público não tem dado a devida atenção e importância à politica de saúde mental, e com a audiência de hoje queremos ressaltar a necessidade do desenvolvimento de políticas para que a população, principalmente a de baixa renda, tenha acesso aos serviços de psicologia e psiquiatria em suas necessidades”, disse o deputado ao início do evento.
Compondo a mesa de trabalhos, estiveram Irma Macário, presidente do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul, Florêncio Garcia Escobar, presidente do Conselho Estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul, Paola Nogueira Lopes, coordenadora do Núcleo de Psicologia Educacional do Projeto AJA da Secretaria Estadual de Educação, Marta Elizabete de Souza, membro da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimaniconial (RENILA), Beatriz Xavier, representando o Conselho Federal de Psicologia, Walkes Jaques Vargas, presidente do Sindicato dos Psicólogos e Silvana Tude, da Associação Nise da Silveira, que representou os usuários de serviços de saúde mental.
Para a psicóloga Irma Macário, a discussão é importante para acabar com os estigmas associados aos casos de transtornos mentais. "A discussão deve ser aberta a todos, independentemente da mostra de sintomas característicos, uma vez que o Estado tem a obrigação de oferecer serviços de proteção à saúde mental. Todos sabemos que em algum momento da vida enfrentamos problemas que podem nos afetar, e o trabalho do Conselho Regional é exatamente neste sentido, de esclarecer à população que naõ há nada de errado em procurar ajuda qualificada para solucioná-los, motivo que nos leva à mobilização junto aos outros Conselhos para a criação futura de um Fórum em que além dos estudiosos da saúde mental, os usuários da rede sejam ouvidos", declarou.
Já Walkes Vargas alertou para a precarização do trabalho dos psicólogos frente ao aumento da demanda pelos usuários da rede pública. "A audiência de hoje atende ao chamado não só da categoria, mas também dos usuários que mais precisam de atendmento em um contexto de desmonte dos serviços oferecidos pelo Estado. Creio que, resolvidos os obstáculos ao aprimoramente da rede, devemos priorizar a atenção às crianças e adolescentes com o aumento do número de vagas nos CAPS-I, que são as unidade de Atenção Psicossocial Infantil pelos dados apresentados aqui", asseverou.
O psiquiatra Antônio de Souza, convidado para representar o Conselho Regional de Medicina, também ponderou durante a discussão. "O doente mental é, antes de tudo, um ser humano, e como tal deve ser tratado. Quando cerceamos seu acesso ao serviço de saúde, negando um tratamento adequado, seja por ideologia ou formação profissional, retiramos qualquer possibilidade de melhora do seu quadro. Por isso, a função da Administração Pública em seus três niveis deve ser muito clara, com o poder federal atuando como organizador, determinando as diretrizes e os repasses aos níveis estaduais, enquanto os municípios executam essas políticas", falou.
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